segunda-feira, 25 de outubro de 2021

VACINAS CONTRA COVID-19 VERSUS HIV: A "POLÊMICA" DESNECESSÁRIA DE HOJE

Um estudo de 2008 identificou que células infectadas in vitro por um adenovírus humano (Ad5) expressavam mais receptores CCR5, as portas de entrada do HIV nas nossas células de defesa.

Nessa época, estavam testando uma vacina contra o HIV usando o Ad5 como vetor. Os testes foram suspensos pelo possível risco teórico de aumento da chance de infecção pelo HIV nas pessoas vacinadas.

Duas vacinas contra CoViD-19 em uso no mundo, a Sputnik V (russa) e a Cansino (chinesa) utilizam vetores de Ad5.

 

Alguns pontos importantes:

1- Esse foi um estudo in vitro, ou seja, em culturas de células em laboratório, e que só evidenciou que há mais receptores CCR5. Não testou de fato se o HIV consegue entrar com mais facilidade nas células humanas infectadas pelo Ad5. Nunca, em momento nenhum, esse fenômeno foi percebido em seres humanos. Mesmo o adenovírus sendo capaz de causar resfriados, essa correlação nunca foi encontrada.

 

2- Para ser infectada pelo HIV, uma pessoa (com ou sem vacina com Ad5) precisa se expor ao vírus, através de relação sexual, agulhas compartilhadas ou acidente perfurocortante, por exemplo. Não há absolutamente nenhuma possibilidade de haver transmissão do HIV através da vacina.

 

3- Infecção pelo HIV e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) não são sinônimos! A AIDS ocorre quando o HIV sem tratamento deteriora nosso sistema imunológico por tempo suficiente (geralmente anos). Não existe a menor possibilidade de as vacinas enfraquecerem o sistema imunológico de uma pessoa com HIV a ponto de ela desenvolver AIDS. Pelo contrário: as vacinas fortalecem nosso sistema imunológico de diferentes formas.

 

4- Ainda que essa relação entre o Ad5 e o maior risco de se infectar pelo HIV fosse provada (até agora não passa de especulação), o Ad5 está presente apenas na segunda dose da Sputnik V. A primeira usa outro adenovírus , o Ad26, que não aumenta a quantidade de receptores CCR5. Aplicar uma 1° dose de Sputnik V e uma 2° de outra vacina eliminaria o problema.

 

5- Por último (e mais importante): nenhuma das duas vacinas que utilizam o Ad5 são aplicadas no Brasil!

 

MAIS UMA VEZ: VACINAS NÃO CAUSAM AIDS, POR MAIS QUE OS BEÓCIOS BRADEM O CONTRÁRIO

 

A vacinação contra a CoViD-19 no Brasil está evoluindo bem, apesar do início tardio e de todas as tentativas de sabotagem. Enquanto em outras partes do mundo há vacinas disponíveis e as pessoas fogem delas por causa das investidas de anti-vaxxers, no Brasil o limitante para o sucesso da campanha sempre foi ter a vacina disponível. Sempre fomos referência no mundo em matéria de vacinação, e poucos brasileiros dão ouvidos a anti-vaxxers (vergonhosamente, alguns deles são médicos).

Não acredite em quem espalha mentiras sobre as vacinas para tentar desacreditar nossa campanha de vacinação com base em fake news e distorções grotescas de conclusões de estudos antigos. Posicionar-se contra as vacinas, a essa altura do campeonato, significa ser estúpido ou mau-caráter. Ou, no caso mais recente, provavelmente as duas coisas.

VACINAS CONTRA COVID-19 VERSUS HIV: A "POLÊMICA" DESNECESSÁRIA DE HOJE

Um estudo de 2008 identificou que células infectadas in vitro por um adenovírus humano (Ad5) expressavam mais receptores CCR5, as portas de ...